Mato Grosso
Mato-grossense lembra momentos de tensão na Ucrânia
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Quando a mato-grossense Catia Hara se mudou de Cuiabá para a Ucrânia, em janeiro deste ano, pensou estar começando uma nova fase de sua vida. Ela nasceu em Nobres (146 km a médio-norte da Capital) e viu o sonho ser ameaçado e precisou sair às pressas para a Polônia, quando a guerra com a Rússia começou a se desenhar para os moradores ucranianos. Sem saber quando o conflito acaba, a advogada lembra dos momentos de tensão e medo.
Catia e a família chegaram em Kiev, capital da Ucrânia, em 15 de janeiro. “Eu já conhecia o país, tinha ido outras duas vezes. Acho que isso ajudou na adaptação, por já ter ido, convivido e conhecido bem o lugar”, conta a advogada.
Ela afirma que os “rumores” de uma guerra entre a Ucrânia e a Rússia são antigos. “Desde a primeira viagem que fiz em 2020, sempre foram rumores. Mas rumores no Brasil, pois lá não era algo que se comentava ou temia. A população levava a vida normalmente. Não se via medo em nada. Acho que o medo e insegurança era somente por parte dos imigrantes”.
A situação mudou em 14 de fevereiro, quando um aviso foi tocado nos alto falantes da cidade. “Estávamos em casa e ouvimos um rádio, não sei de onde vinha, mas era tipo um alto falante próximo de um posto de gasolina. Dava um toque de alerta e começava a mensagem. Resolvi gravar e enviar para uma das mulheres do grupo [de brasileiras na Ucrânia] que é casada com um ucraniano. E eles disseram que na mensagem dizia para sair daquela região”.
Esse alerta, que os vizinhos dela lidaram como algo normal, a fez querer sair do país. “Fiquei com muito medo. Porque para nós é algo surreal, não faz parte da nossa realidade”.
Ela iniciou os preparativos e conseguiu chegar a Lvivi, na Polônia no dia 18 de fevereiro. Poucos dias depois, em 23 de fevereiro ouviu as primeiras notícias sobre bombardeios russos na Ucrânia.
“Eu fiquei em choque e sem acreditar que aquilo estava acontecendo mesmo. É difícil explicar. Porque quem vê de fora fica triste com a situação. Mas só quem morou, conviveu no país e com o povo, sabe o real sentimento. É muito mais triste e doloroso”, conta Catia.
Sobre os planos para o futuro, especialmente para quando a guerra acabar, ela ainda não decidiu se voltará à Ucrânia. “O país não me dá medo. É muito mais seguro que o Brasil. As pessoas não ligam se você é rico ou pobre, se é negro ou branco. Pelo menos foi assim que me senti. Não tem um governo neonazista como o Putin diz. As pessoas são bem livres para serem e se expressarem como quiser”.
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